domingo, 6 de setembro de 2015

Untlited #0



Os reveses dos desafortunados
Constantes sincronicidades negativas
Dedicadas a tirar tudo de quem não tem nada
Alimentando as lágrimas dos que clamam por misericórdia

Tem pena de nós, pobres almas amaldiçoadas
Lançadas na tempestade mais cruel com apenas um punhado de fé em seus bolsos
Mas tão resistentes quanto o bambu
Que se curva, se retorce, mas em nenhum momento se quebra

Sustentam suas raízes com força e determinação
Alimentam o amor, mesmo depois de mordidos por ele
Deitando-se constantemente nas mesmas camas de espinhos
E respirando as mesmas cinzas dos passados que fracassaram à sua volta

Ramon Arcanjo

segunda-feira, 24 de agosto de 2015

Festa do Pijama


Em preto e branco há um esboço
A essência e rascunho do mundo todo
Sem uma caixa de lápis de cor
Ardendo a vontade de um artista

Me recuso a ignorar a beleza da diversidade
E abandonar o sorriso que me invade
De uma falta de limites
No coração de uma criança

quarta-feira, 12 de agosto de 2015

Sincera Devoção



Escravidão voluntária
Socialmente refinada
Por tradição e costume
Cozidos em estrume

Falsos pedestais mantém deuses antigos de pé
Mas mesmo eles não sabem o quanto
Escondidos em suas cavernas do além da lenda
Queimam nas pessoas o medo como lenha

Os que dormem estão a sorrir
Em seu pesadelo travestido
Pensam estar sorrindo em um sonho qualquer
No seu carro do ano ou caro vestido

segunda-feira, 4 de maio de 2015

A Pele que Habito



Avança em direção ao teu desejo
A mais alta identidade social
Respeito mútuo e banal
Para satisfação do ego, afinal

Caso queira recordar
Proibido está
Teu passado e vergonha selados estão
E com teu futuro não se relacionarão

quinta-feira, 12 de março de 2015

Úmido Demais



A chuva me lembra
Das lágrimas que derramei
No meu peito e nos ombros alheios
Inundando os corações de rancor

A chuva me lembra
Dos corpos que usei
Dos corações que roubei
E nunca devolvi

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015

Apanhador de Sonhos




Engraçado como dois olhos fechados
Podem criar o paraíso
A mais bela ilusão
Depende de você realizar isso


Tempero meu temperamento
Refogo minha calma em fogo brando
Se a paz passar do ponto
Então o sonho perde o encanto

terça-feira, 20 de janeiro de 2015

Semente Alquímica



Uma semente a germinar
Solo fértil, maltratado
Arado com dor
Sangue e horror

Cada folha que se desprende de um galho seco
Retorna à essência de um abuso
Que seca a alma de toda a natureza
E torna infértil sua beleza